Teólogos católicos e protestantes entram em acordo sobre a salvação pela graça de Deus e mediante a fé Em 7 de outubro de 1997 — precisamente há um ano — quinze teólogos católicos e dezoito teólogos evangélicos assentaram-se juntos na cidade de Nova York e conseguiram adotar, por moto próprio, uma confissão de fé conjunta sobre a salvação.
Outras questões polêmicas foram deixadas de lado para posterior estudo. Nenhum deles falava em nome de suas igrejas nem de suas organizações. Eles se entenderam como irmãos em Cristo, pelo menos no que dizia respeito à fé em Jesus como Salvador e Senhor.
Todos rejeitam o ecumenismo eufórico que assume o caminho da paz com o sacrifício da doutrina e da teologia. Praticam um ecumenismo de convicção, e não de acomodação.
Do lado protestante, os nomes mais conhecidos são: Bill Bright (da Cruzada Estudantil para Cristo), Charles Colson (da Prison Fellowship), Os Guinness (da The Trinity Forum), Mark A.
Noll (do Wheaton College) e James I. Parker (do Regent College, no Canadá). Do lado católico, é bom nomear James Buckley (do Loyola College), J. A. Di Noia (da Dominican House of Studies), Ralph Martin (dos Revewal Ministries) e Richard John Neuhaus (da Religion and Public Life).
O documento que esses teólogos assumiram tem o título A dádiva da salvação e foi publicado pela primeira vez na revista Christianity Today (8 de dezembro de 1997, p. 34).
A dádiva da salvação não coloca em risco a atividade missionária protestante em países de maioria católica. Segundo Timothy George, reitor da Beeson Divinity School, em Birminghan, Alabama, o documento “diz explicitamente que evangélicos devem pregar as Escrituras aos católicos e os católicos aos evangélicos”, pois “não assumimos que todos os católicos nominais sejam crentes verdadeiros em Jesus nem que todos os evangélicos nominais sejam seguidores genuínos do Senhor”. George cita o cardeal Edward Cassidy: “É muito mais importante que a pessoa conheça verdadeiramente a Jesus e encontre salvação nele do que pertencer, sem convicção, a qualquer comunidade particular”.
“Todos os que crêem em Jesus tanto católicos como evangélicos”, conclui Timothy George, “são companheiros em uma luta comum, não numa luta entre si, mas contra o próprio príncipe do mal, um conflito espiritual com os poderes e as potestades deste mundo tenebroso”! Ultimato publica a seguir algumas das declarações conjuntas dos teólogos católicos e protestantes, retiradas de A dádiva da salvação. A tradução é de Sônia da Silva e os subtítulos são da redação.
Temos diferenças persistentes e sérias “Por meio da oração e estudo das Santas Escrituras e ajudados pelas reflexões da Igreja sobre o texto sagrado desde os primeiros tempos, temos descoberto que, apesar de algumas diferenças persistentes e sérias, podemos, juntos, dar testemunho da dádiva da salvação em Jesus Cristo.”
Somos membros da raça humana caída “Deus nos criou para manifestar sua glória e dar-nos vida eterna em comunhão com Ele.
Mas nossa desobediência interveio e nos colocou sob condenação. Como membros da raça humana caída, viemos a este mundo alienados de Deus e em estado de rebelião.”
Não somos capazes “As conseqüências catastróficas do pecado são tais, que não somos capazes de restaurar os laços quebrados de união com Deus. Somente à luz do que Deus fez para restaurar nossa comunhão com Ele é que vemos a completa enormidade de nossa perda.”
Dependemos inteiramente de Jesus “A restauração da comunhão com Deus depende inteiramente de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Pois Ele é o ‘único mediador entre Deus e os homens’ (1 Tm 2.5) e porque ‘abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos’ (At 4.12). Jesus disse: ‘... ninguém vem ao Pai a não ser por mim’ (Jo 14.6).”
Cristo nos resgatou da maldição da lei “Está sempre claro que o trabalho de redenção foi realizado pela satisfação do sacrifício de Jesus na cruz: ‘Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se Ele próprio maldição em nosso lugar’ (Gl 3.13).
A Escritura descreve as conseqüências do trabalho de redenção de Cristo de várias maneiras, entre as quais estão a justificação, a redenção, a reconciliação, a restauração, a amizade com Deus e o novo nascimento que vem lá de cima.”
Não somos mais inimigos de Deus “Concordamos que a justificação não é adquirida por nenhuma boa obra nem mérito de nossa parte.
É inteiramente dádiva de Deus, conferida por pura benignidade do Pai, do amor que Ele nos tem em seu Filho, que sofreu em nosso lugar e ressuscitou dos mortos para nossa justificação...
Na justificação, Deus, com base somente na retidão de Cristo, nos declara como não sendo mais seus inimigos rebeldes, mas amigos perdoados.”
Aderimos ao evangelho livremente “O Novo Testamento torna claro que a dádiva da justificação é recebida pela fé: ‘Pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus’ (Ef 2.8).
Pela fé, que também é dádiva de Deus, arrependemo-nos de nossos pecados e livremente aderimos ao evangelho, a boa nova de salvação, operada para nós por Deus em Cristo... A fé não é um consentimento meramente intelectual, mas um ato da pessoa inteira, envolvendo a mente, a vontade e as afeições, e resultando em vida transformada.”
Somos santificados progressivamente “Por meio de sua fé e batismo, os cristãos são marcados a viver de acordo com a lei do amor em obediência a Jesus Cristo, o Senhor. As Escrituras chamam essa nova vida de santidade ou santificação.
A santificação não é plenamente alcançada no início de nossa vida em Cristo, mas progressivamente assistida com a graça e a ajuda de Deus, contra a adversidade e a tentação, conforme nos esforçamos.”
Fomos, estamos sendo e seremos salvos “Como pecadores justificados fomos salvos, estamos sendo salvos e seremos salvos. Tudo isso é dádiva de Deus.
A fé se lança numa esperança confiante por um novo céu e uma nova terra, nos quais os propósitos criadores e redentores de Deus são gloriosamente cumpridos.”
Comprometemo-nos a evangelizar “Muitos estão em grande perigo de estarem perdidos eternamente porque não sabem o caminho para a salvação. Em obediência à grande comissão do nosso Senhor, comprometemo-nos a evangelizar a cada um. Precisamos compartilhar a plenitude da verdade salvadora de Deus com todos — incluindo membros de nossas várias comunidades. Evangélicos devem falar do evangelho a católicos, e católicos a evangélicos, sempre falando a verdade em amor.”
Ainda há muito por fazer “Defendemos a liberdade religiosa para todos. Tal liberdade é fundamentada na dignidade da pessoa humana, criada à imagem de Deus, e precisa também ser protegida pela lei civil.
Não devemos permitir que nosso testemunho como cristãos seja comprometido por discipulado desleixado ou disputas desnecessariamente criadoras de discórdia.
Embora nos regozijemos na unidade que temos descoberto e estejamos confiantes nas verdades fundamentais sobre a dádiva da salvação que temos afirmado, reconhecemos que existem questões necessariamente interrelacionadas que requerem mais profunda e urgente exploração.
Entre elas estão o significado da regeneração batismal, a Eucaristia, a graça sacramental... a devoção a Maria... (e outras)”.
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