Pastor ignora até a ONU e o Vaticano

O pastor Terry Jones, que está há 14 anos à frente de uma igreja com não mais que 50 fiéis, no norte da Flórida, conseguiu repercussão maior do que poderia esperar para o controverso ato que planeja para o próximo sábado. Ontem, até o Vaticano e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, tentaram dissuadi-lo da ideia de queimar 200 exemplares do Corão, no aniversário de 9 anos dos atentados de 11 de setembro. A secretária de Estado, Hillary Clinton, também disse esperar que o pastor desista do projeto a tempo. "E, se ele não desistir, esperamos que isso não seja mostrado pela imprensa como um ato de patriotismo", ela afirmou.

Segundo a Santa Sé, queimar o Corão seria uma "grave ofensa" contra um livro considerado sagrado por uma comunidade religiosa. Em comunicado, o Conselho para o Diálogo Interreligioso do Vaticano disse que "cada religião, com seus locais de culto e símbolos, merece respeito e proteção". Já o secretário-geral da ONU declarou que um ato dessa natureza não pode ser apoiado "por nenhuma religião". Até a atriz Angelina Jolie, em visita ao Paquistão, manifestou-se contra a decisão do pastor, dizendo que "mal tinha palavras" para repudiar o plano.

Jones, no entanto, não está disposto a desistir. À reportagem, uma assistente da igreja garantiu que ele não vai ceder a apelos de quem quer que seja - afinal, segundo o pastor, sua missão é mostrar que "a verdade" está na Bíblia cristã, e não no Corão. "Nós sentimos que essa mensagem é importante. E queremos que eles saibam que, se estão na América, precisam obedecer às nossas leis e à nossa Constituição", disse Jones à rede norte-americana CBS.

Nem mesmo as ameaças de morte abalaram o religioso de 58 anos e seus discípulos mais próximos, como Wayne Sapp, pastor assistente na Dove World Outreach Center, e sua mulher, Stephanie, que agora andam armados. "Acreditamos que foi Deus quem pediu para que fizéssemos isso", argumenta Wayne. Para ele, uma possível retaliação aos norte-americanos, temida pela CasaBranca, não é o bastante para abortar o Dia Internacional de Queimar um Corão. "Vidas estão em perigo, mesmo que não o façamos. Se não denunciarmos o islã agora, teremos outra oportunidade daqui a 10 anos?", questiona.
fonte : www.diariodepermanbuco.com.br